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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Educação digital: qual o limite saudável para uso da tecnologia?

OMS recomenda que crianças menores de 5 anos não sejam expostas a mais de uma hora por dia. Malefícios incluem dores e irritabilidade

Kelly Sikkema, UnsplashKELLY SIKKEMA, UNSPLASH
18/10/2019 5:30,

Considerada uma aliada na hora de ensinar, a tecnologia é hoje o principal elemento na formação de crianças que já nasceram conectadas (a chamada Geração Alpha, dos nascidos a partir de 2010). Para elas, o mundo sempre esteve à distância de um toque, porque as telas de tablets e smartphones fazem parte da rotina – e limitar o uso pode ser desafiador. Isso, obviamente, influencia a construção de relações e o aprendizado desses indivíduos, mas será que pode causar danos a médio e longo prazos?
Em abril deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um documento com recomendações sobre saúde de crianças com até 5 anos. No texto, a entidade internacional defende que pequenos abaixo dessa idade não passem mais do que uma hora por dia expostos, mesmo que passivamente, a telas de computadores, tablets, televisões ou celulares.

Malefícios 

O neuropediatra Christian Muller concorda com a orientação. Ele acredita que o uso de telas deve ser muito pontual e não parte da rotina das crianças. “Muitas escolas estão avançando no uso dos dispositivos, pedagogicamente, em sala de aula, o que limita ainda mais o tempo de uso em casa”, pontua. 

Além desses sinais de alerta, a neuropsicóloga Juliana Aguiar chama atenção para outros comportamentos considerados nocivos, como dependência excessiva de tablets, perda de interesse por atividades que antes a criança gostava, sedentarismo excessivo, isolamento e prejuízos no desempenho escolar. Ela, inclusive, acredita que dá para trabalhar lado a lado com a tecnologia, especialmente no campo da reabilitação fisiológica, cognitiva e psicológica.

Utilizar os dispositivos eletrônicos como ferramentas de aprendizado vai muito além da adoção de tablets ou aplicativos mais básicos. Segundo a diretora de tecnologia educacional da Happy Code, Debora Noemi, essa é a base do chamado letramento digital, que seria uma “alfabetização digital”. “A ideia é que alunos aprendam o que está por trás do uso da tecnologia. Aprendam conceitos e habilidades técnicas, o que pode incluir robótica e programação, por exemplo”, explica.

Para a especialista, o Brasil ainda não entende essa necessidade de formação, mas nações como Estados Unidos, Reino Unido e Singapura já estão incluindo o letramento digital em sua matriz curricular. “A tecnologia ajuda no desenvolvimento de diversas habilidades e não só de habilidades técnicas. A programação, por exemplo, contribui em organização, foco, persistência, trabalho em equipe”, afirma Debora. “O mercado de trabalho e as instituições vão exigir que esse profissional tenha um domínio básico de alfabetização digital”, finaliza.


domingo, 26 de agosto de 2018

Jogos virtuais ameaçadores colocam famílias em alerta

A vulnerabilidade de crianças e adolescentes no ambiente virtual tem chamado a atenção de pais e educadores sobre os limites para o acesso à internet, já que eles se tornam os principais alvos para crimes virtuais, envolvendo desde chantagens e extorsões até casos extremos como a incitação a ações que coloquem em risco suas vidas. O caso do menino de nove anos, que supostamente teria sido induzido a se enforcar por conta do desafio da “Boneca Momo”, no último dia 16, tem assustado muitos pais.


Algumas escolas particulares do Recife estão emitindo comunicados alertando para a necessidade de observar o comportamento dos jovens e ter conhecimento sobre o tipo de conteúdo elas estão compartilhando.
Mãe de uma menina de nove anos, a médica Catiana Coelho Cabral, 47, disse que sua filha já passou por uma situação que há deixou em alerta. “Ela tem o Whatsapp, mas sempre a orientamos a não adicionar números desconhecidos. Uma vez, uma pessoa foi falar com ela e começou a perguntar o nome, endereço, idade. Ela não respondeu nada demais, mas, em outro momento, essa pessoa mandou uma foto de cunho pornográfico, com suas partes íntimas. Imediatamente bloqueamos o número. Ela ficou muito assustada, correu para nos mostrar e ficou alguns meses sem querer tocar no celular”, explica.

A partir desse episódio, o uso do aparelho passou a ser mais restrito, e tanto a médica quanto seu marido ficam sempre de olho no que a filha faz na internet. “No próprio sistema operacional do tablet nós restringimos os aplicativos que podem ser baixados. Quando é algum que não corresponde à idade dela, ela não consegue baixar”, diz. Para o coordenador pedagógico da Cesar School, Anderson Paulo, que lida diretamente com adolescentes, é essencial que os responsáveis mantenham o diálogo com seus filhos e acompanhem de perto o que eles estão fazendo na internet. Ele afirma que, hoje, há mecanismos acessíveis para fazer esse monitoramento. “Os celulares são o principal meio de conexão das redes sociais e toda a internet. Todos eles têm mecanismos disponíveis para que os pais monitorem o que os filhos estão fazendo. No próprio sistema operacional do Android tem como o pai cadastrar o aparelho do seu filho como menor de idade, e você cadastra sua conta como o responsável por ele. Você também consegue restringir o acesso daquele aparelho a certos conteúdos”, exemplifica.

Existem softwares gratuitos e pagos que também conseguem espelhar a tela dos computadores. Isso significa que o responsável pode ver tudo que seu filho está fazendo em outro computador, o que geralmente era feito nos cybers cafés.
Apesar de essas práticas implicarem na questão do direito a privacidade, argumento comumente utilizado pelos adolescentes, Anderson Paulo defende que se faz necessário trabalhar na linha da prevenção. “Infelizmente eles gostam de ser desafiados, e por isso participam desses jogos absurdos. A linha de prevenção mais eficaz é a própria tecnologia, além do olhar atento dos pais”, diz. E reforça: “Estamos falando de crianças e adolescentes sob a tutela dos pais”.

A funcionária pública Sueli Ipolito Bezerra, 41 anos, tem três filhos e preza pelo diálogo com as crianças quando o assunto é tecnologia. Ela disse que sua filha mais velha, de nove anos, chegou da escola falando sobre o jogo da “Boneca Momo”. “Ele ouviu das coleguinhas a respeito e veio me perguntar. Pesquisei e mostrei que a Momo é uma coisa ruim e perigosa. Muitos pais preferem não falar desses assuntos para não incitar a curiosidade, mas eu prefiro que o alerta e as orientações partam da gente”, afirmou.

Sueli disse a filha tem apenas Whatsapp, mas não a deixa compartilhar informações pessoais e só permite que ela fale com pessoas conhecidas. Qualquer número estranho é bloqueado.
O que fazer?

SaferNet Brasil, associação civil que promove a defesa dos direitos humanos na internet, instrui que, em casos de ameaça à integridade física, financeira ou emocional, é necessário que o responsável procure a Polícia Civil para registrar queixa. Ela também indica caminhos disponíveis nas próprias redes sociais para facilitar a identificação dos criminosos. No Whatsapp, é possível exportar a conversa para uma conta de e-mail. Basta o usuário fazer um backup da conversa, através do menu de configurações no aplicativo. Sobre o monitoramento, a entidade discorda do recurso de programas “espiões”. “Eles não previnem os riscos e compromete o vínculo de confiança que deve existir entre pais e filhos. Eles precisam conversar de forma franca e aberta sobre como lidar com esses riscos”, segundo posicionamento da empresa.

Para Sueli, esses mecanismos ainda não são necessários, mas não descarta a possibilidade de usá-los quando a filha estiver maior. “Nós estamos sempre orientando, mas sei que a fase dos filtros vai chegar. Ela entende que não estamos invadindo sua privacidade e tudo que fazemos é para seu bem. Tentamos falar de todos os assuntos de forma adequada, para alertar que existem pessoas ruins lá fora”, declara.
Papel das Escolas
A coordenadora pedagógica do Colégio Marista São Luíz, no Recife, Élida Noya, explica que o uso da tecnologia na escola é tratado mediante necessidade pedagógica. “Estamos sempre atentos ao que acontece no contexto social, buscando a veracidade dos fatos e cuidando, em parceria com as famílias, para que nossos estudantes sejam orientados e esclarecidos diante do que é posto na mídia e redes sociais”, afirma.

No Colégio Salesiano, também na Capital, foi emitido um comunicado alertando os pais sobre a disseminação da “Boneca Momo”. “Não é preciso pânico, e sim, orientação, informação e atenção. Caso perceba alguma mudança no comportamento do seu filho é preciso investigar as possíveis causas. É importante que os pais estabeleçam uma relação de confiança e aproximação com os filhos para que possam orientá-los e acompanhá-los de forma tranquila e saudável”, declara Isabel Pena, psicóloga da unidade de ensino.

Preocupada com a repercussão desse tipo de jogo virtual e suicídios entre crianças e adolescentes, a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho começou ações de prevenção juntos a comunidades. A estratégia alia as Secretarias de Educação e Saúde para acolher e esclarece alunos e pais sobre as armadilhas desses dispositivos on-line. Na última sexta-feira, a ação aconteceu na Escola Municipal Professora Maria José Paiva, em Ponte dos Carvalhos, onde o psicólogo Wandeilton França, abordou os principais sinais e formas de prevenção da autodestruição para os alunos do 2º ano do ensino fundamental e seus parentes.
Caso Momo
A delegada Thais Galba, do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), disse que não há prazo específico para a conclusão da perícia do Instituto de Criminalística no celular e tablet pertencente a Arthur Luiz Barros. De acordo com a investigadora, nenhuma linha de investigação foi descartada, mas os pais da criança não acreditam em suicídio.

“Nós já ouvimos alguns familiares e vizinhos. Temos mais algumas pessoas para ouvir. Nada foi descartado, por enquanto. Os pais relataram um menino gentil, atencioso, educado e sem nenhum problema psicológico ou comportamento estranho”, disse em entrevista a Folha de Pernambuco. A mãe da criança, a professora Jany Nascimento disse à polícia não ter visto o vídeo ou o desafio no celular da criança, mas que, “certa vez, o filho mostrou a boneca Momo no celular e que, posteriormente ao fato, ela soube que essa boneca trazia um desafio”, explicou a delegada.

Disponível em: https://www.folhape.com.br/noticias/noticias/cotidiano/2018/08/25/NWS,79121,70,449,NOTICIAS,2190-JOGOS-VIRTUAIS-AMEACADORES-COLOCAM-FAMILIAS-ALERTA.aspx


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Certificado de Menção Honrosa 13º OBMEP

O Instituto Educacional Geyza Miriam, em seus 27 anos de Ensino que Aprova, tem a imensa satisfação de parabenizar o aluno DAVI ALMEIDA DE LIMA, do 6º ano, pelo certificado de Menção Honrosa outorgado pelo seu excelente desempenho na 13º OBMEP - Olimpíada Brasileira de Matemática.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Alunos aprovados para a 2ª fase da OBMEP 2017


A busca da identidade na adolescência




ALINE Essa sou eu?
Qdo o corpo cresce, assusta. Evolui rápido... Acho que eu não tava preparada, me sinto estranha. Queria conversar, mas não falo com meus pais sobre isso. Ilustrações: Daniella Domingues

A transformação tem início por volta dos 11 anos. Meninos e meninas passam a contestar o que os adultos dizem. Ora falam demais, ora ficam calados. Surgem os namoricos, as implicâncias e a vontade de conhecer intensamente o mundo. Os comportamentos variam tanto que professores e pais se sentem perdidos: afinal de contas, por que os adolescentes são tão instáveis? 


A inconstância, nesse caso, é sinônimo de ajuste. É a maneira que os jovens encontram para tentar se adaptar ao fato de não serem mais crianças - nem adultos. Diante de um corpo em mutação, precisam construir uma nova identidade e afirmar seu lugar no mundo. Por trás de manifestações tão distintas quanto rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos psicológicos para organizar um turbilhão de sensações e sentimentos. A adolescência é como um renascimento, marcado, dessa vez, pela revisão de tudo o que foi vivido na infância. 



Para a pediatra e psicanalista francesa Françoise Dolto (1908-1988), autora de clássicos sobre a psicologia de crianças e adolescentes, os seres humanos têm dois tipos de imagem em relação ao próprio corpo: a real, que se refere às características físicas, e a simbólica, que seria um somatório de desejos, emoções, imaginário e sentido íntimo que damos às experiências corporais. Na adolescência, essas duas percepções são abaladas. A puberdade (conjunto das transformações ligadas à maturação sexual) faz com que a imagem real se modifique - a descarga de hormônios desenvolve características sexuais primárias (aumento dos testículos e ovários) e secundárias (amadurecimento dos seios, modificações na cintura e na pélvis, crescimentos dos pelos, mudanças na voz etc.). Falas como a de Aline*, 14 anos (leia o destaque na imagem acima), indicam a perda de segurança em relação ao próprio corpo. É comum que aflorem sentimentos contraditórios: ao mesmo tempo em que deseja se parecer com um homem ou uma mulher, o adolescente tende a rejeitar as mudanças por medo do desconhecido.

Isso ocorre porque a imagem simbólica que ele tem do corpo ainda é carregada de referências infantis que entram em contradição com os desejos e a potência sexual recém-descoberta. É como se o psiquismo do jovem tivesse dificuldade para acompanhar tantas novidades. Por causa disso, podem surgir dificuldades de higiene, como a de jovens que não tomam banho porque gostam de sentir o cheiro do próprio suor (que se transformou com a ação da testosterona) e a de outros que veem numa parte do corpo a raiz de todos os seus problemas (seios que não crescem, pés muito grandes, nariz torto etc.). São encanações típicas da idade e que precisam ser acolhidas. "O jovem deve ficar à vontade para tirar dúvidas e conversar sobre o que ocorre com seu corpo sem que sinta medo de ser diminuído ou ridicularizado. Além disso, ele necessita de privacidade e, se não quiser falar, deve ser respeitado", afirma Lidia Aratangy, psicóloga e autora de livros sobre o tema. Apenas quando perduram as sensações de estranhamento com as mudanças fisiológicas um encaminhamento médico é necessário.

JOÃO Meu pai ñ me entende!Meu pai e minha mãe sempre me seguram em ksa... É um saco... Quero sair com meus amigos e eles ficam implikando. Cansei de ficar em ksa conversando com eles. É sempre a mesma coisa. Eles querem que eu tenha a vida + chata do universo!

 

O afastamento dos pais revela a necessidade de outros modelos

A dificuldade em lidar com o corpo está diretamente relacionada à nova relação que o jovem tem de construir com seus pais. Isso porque, na adolescência, o amadurecimento sexual faz com que o Complexo de Édipo, descrito pelo criador da Psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), seja revivido. De acordo com Freud, a criança desejaria inconscientemente tomar o lugar da mãe ou do pai no par amoroso. Como eles são as primeiras referências masculinas e femininas que a criança tem, ao querer substituir uma delas, a relação com o "concorrente" fica confusa, alternando-se entre o amor e ódio - o que pode, mais tarde, fazer com que a pessoa tenha dificuldades no relacionamento amoroso. Se a criança aceita o fato de não poder se unir ao pai ou à mãe, ela passa a lidar de forma equilibrada com as duas referências e internaliza a proibição do incesto.
Na adolescência, resquícios de um Complexo de Édipo mal resolvido podem vir à tona. Surge daí a necessidade inconsciente de buscar outros modelos de homem e mulher além do pai e da mãe. O distanciamento também é uma forma de reelaborar a imagem idealizada dos pais e provar que não se é mais criança. "Esse comportamento serve para que o adolescente exercite a definição de uma identidade baseada em experiências mais amplas", diz Miguel Perosa, terapeuta e professor de Psicologia da Adolescência na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Isso não quer dizer que o adolescente não possa ter saudade da dependência infantil e de comportamentos que aludam a ela. Mas, uma vez nessa fase, ficam cada vez mais constantes as saídas em grupo e a oposição verbal e física às referências paternas e maternas, como indica a fala de João*, 13 anos (leia o destaque à esquerda).
Na sala de aula, é importante estabelecer limites quando o adolescente adota uma postura de confronto para se afirmar ou quando transforma o professor em referência masculina, feminina ou de comportamento. No primeiro caso, deve-se escutar o que o adolescente tem a dizer - valorizar sua voz é abrir as portas do diálogo -, mas também apontar as normas de conduta da instituição e do convívio civilizado. No segundo, a melhor saída é chamar a atenção para aquilo que há de positivo no comportamento do próprio jovem. Assim, ele poderá começar a reconhecer nele mesmo traços da identidade que constrói.

 

No mundo interno, o peso do julgamento dos outros diminui

Tantas descobertas fazem o adolescente ter de remanejar constantemente as novas relações socioafetivas que incorpora à vida. Ele descobre que lidar com o olhar do outro, com um corpo que não para de se desenvolver e com conflitos sobre sua própria identidade gera angústias que precisam de tempo e espaço para serem elaboradas. E aí o jovem se volta para seu mundo interno, como faz Camila*, 14 anos (leia o destaque abaixo). Lá, ele pode rever tudo o que se passa num espaço próprio, a salvo do julgamento dos outros. Esse contato com a subjetividade é essencial para sedimentar suas vivências - desde que o adolescente não substitua as relações do dia a dia por um isolamento permanente. "Nesse caso, professores e pais devem se aproximar, já que a ruptura com a infância pode deixar um vazio depressivo muitas vezes perigoso", explica Maria Cecília Corrêa de Faria, terapeuta especializada em Psicologia Clínica.

CAMILA Pensando na vida

Eu me sinto sozinha a toda hora... Daí vou pro meu quarto e fico pensando na vida. Acontece tanta coisa q é difícil entender! Eu sinto milhões de coisas ao mesmo tempo. Ficar sozinha ajuda a pensar nelas.
A exploração do mundo interior, além do reajuste emocional, também favorece a intelectualização. A psicanalista Anna Freud (1895-1982) concluiu que, para fugir momentaneamente das pulsões sexuais, os adolescentes costumam transferir essa energia para a racionalização e incorporação de informações. Não à toa, eles adoram emitir opiniões sobre tudo. Nesse caso, também deve-se atentar para os exageros. Aquele aluno que se preocupa de forma exagerada com o desempenho na escola pode estar querendo fugir de questões internas com as quais tem muita dificuldade em lidar.
O fato é que, apesar de ser um processo difícil, confuso e doloroso, a adolescência é um período em que se descobre como usar novas ferramentas emocionais para se relacionar com o mundo. À medida que integra as concepções que grupos, pessoas e instituições têm a respeito dele, compreendendo e assimilando os valores que constituem o ambiente social, o jovem reforça o sentimento de identidade. A escola tem um papel fundamental nesse processo. Ela jamais deve reduzir o comportamento do adolescente à pecha de rebeldia. Integrá-lo e respeitá-lo são as melhores formas de educar seres humanos confiantes e sadios.



Fonte: https://novaescola.org.br

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Não acabem com a caligrafia: escrever à mão desenvolve o cérebro

Pediatra acredita que é preciso cuidado para que o mundo digital não leve embora experiências significativas que tem impacto no desenvolvimento das crianças

As crianças que vivem no mundo dos teclados precisam aprender a antiquada caligrafia?
Há uma tendência a descartar a escrita à mão como uma habilidade que não é mais essencial, mesmo que os pesquisadores já tenham alertado para o fato de que aprender a escrever pode ser a chave para, bem, aprender a escrever. E, além da conexão emocional que os adultos podem sentir com a maneira como aprendemos a escrever, existe um crescente número de pesquisas sobre o que o cérebro que se desenvolve normalmente aprende ao formar letras em uma página, sejam de forma ou cursivas.
Em um artigo publicado este ano no “The Journal of Learning Disabilities”, pesquisadores estudaram como a linguagem oral e escrita se relacionava com a atenção e com o que é chamado de habilidades de “função executiva” (como planejamento) em crianças do quarto ao nono ano, com e sem dificuldades de aprendizagem. Virginia Berninger, professora de Psicologia Educacional da Universidade de Washington e principal autora do estudo, contou que a evidência dessa e de outras pesquisas sugere que “escrever à mão – formando letras – envolve a mente, e isso pode ajudar as crianças a prestar atenção à linguagem escrita”.
No ano passado, em um artigo no “Journal of Early Childhood Literacy”, Laura Dinehart, professora associada de Educação da Primeira Infância na Universidade Internacional da Flórida, discutiu várias possibilidades de associações entre boa caligrafia e desempenho acadêmico: crianças com boa escrita à mão são capazes de conseguir notas melhores porque seu trabalho é mais agradável para os professores lerem; as que têm dificuldades com a escrita podem achar que uma parte muito grande de sua atenção está sendo consumida pela produção de letras, e assim o conteúdo sofre.

Mas podemos realmente estimular o cérebro das crianças ao ajudá-las a formar letras com suas mãos?

Em uma população de crianças pobres, diz Laura, as que possuíam boa coordenação motora fina antes mesmo do jardim da infância se deram melhor mais tarde na escola. Ela diz que mais pesquisas são necessárias sobre a escrita nos anos pré-escolares e sobre as maneiras para ajudar crianças pequenas a desenvolver as habilidades que precisam para realizar “tarefas complexas” que exigem coordenação de processos cognitivos, motores e neuromusculares.
Esse mito de que a caligrafia é apenas uma habilidade motora simplesmente está errado. Usamos as partes motoras do nosso cérebro, o planejamento motor, o controle motor, mas muito mais importante é a região do órgão onde o visual e a linguagem se unem, os giros fusiformes, onde os estímulos visuais realmente se tornam letras e palavras escritas.
Virginia Berninger
As pessoas precisam ver as letras “nos olhos da mente” para produzi-las na página, explica ela. A imagem do cérebro mostra que a ativação dessa região é diferente em crianças que têm problemas com a caligrafia. Escaneamentos cerebrais funcionais de adultos mostram que uma rede cerebral característica é ativada quando eles leem, incluindo áreas que se relacionam com processos motores. Os cientistas inferiram que o processo cognitivo de ler pode estar conectado com o processo motor de formar letras.
Larin James, professora de Ciências Psicológicas e do Cérebro na Universidade de Indiana, escaneou o cérebro de crianças que ainda não sabiam caligrafia. “Seus cérebros não distinguiam as letras; elas respondiam às letras da mesma forma que respondiam a um triângulo”, conta ela. Depois que as crianças aprenderam a escrever à mão, os padrões de ativação do cérebro em resposta às letras mostraram mais ativação daquela rede de leitura, incluindo os giros fusiformes, junto com o giro inferior frontal e regiões parietais posteriores do cérebro, que os adultos usam para processar a linguagem escrita – mesmo que as crianças ainda estivessem em um estágio muito inicial na caligrafia.
“As letras que elas produzem são muito bagunçadas e variáveis, e isso na verdade é bom para o modo como as crianças aprendem as coisas. Esse parece ser um dos grandes benefícios da escrita à mão”, conta Larin James. Especialistas em caligrafia vêm lutando com a questão de se a letra cursiva confere habilidades e benefícios especiais, além dos fornecidos pela letra de forma. Virginia cita um estudo de 2015 que sugere que, começando por volta da quarta série, as habilidades com a letra cursiva ofereciam vantagens tanto na ortografia quanto na composição, talvez porque as linhas que conectam as letras ajudem as crianças a formar palavras.
Para crianças pequenas com desenvolvimento típico, digitar as letras não parece gerar a mesma ativação do cérebro. À medida que as pessoas crescem, claro, a maioria faz a transição para a escrita em teclados. No entanto, como muitos que ensinam na universidade, eu me questiono a respeito do uso de laptops em sala de aula, mais porque me preocupo com o fato de a atenção dos alunos estar vagando do que com promover a caligrafia. Ainda assim, estudos sobre anotações feitas à mão sugerem que “alunos de faculdade que escrevem em teclados estão menos propensos a se lembrar e a saber do conteúdo do que se anotassem à mão”, conta Laura Dinehart.
Virginia diz que a pesquisa sugere que crianças precisam de um treinamento introdutório em letras de forma, depois, mais dois anos de aprendizado e prática de letra cursiva, começando na terceira série, e então a atenção sistemática para a digitação. Usar um teclado, e especialmente aprender as posições das letras sem olhar para as teclas, diz ela, pode muito bem aproveitar as fibras que se intercomunicam no cérebro, já que, ao contrário da caligrafia, as crianças vão usar as duas mãos para digitar.
O que estamos defendendo é ensinar as crianças a serem escritoras híbridas. Letra de forma primeiro para a leitura – isso se transfere para o melhor reconhecimento das letras –, depois cursiva para a ortografia e a composição. Então, no final da escola primária, digitação
Virginia Berninger
Como pediatra, acho que pode ser mais um caso em que deveríamos tomar cuidado para que a atração do mundo digital não leve embora experiências significativas que podem ter impacto real no desenvolvimento rápido do cérebro das crianças. Dominar a caligrafia, mesmo com letras bagunçadas e tudo, é uma maneira de se apropriar da escrita de maneira profunda.
“Minha pesquisa global se concentra na maneira como o aprendizado e a interação com as palavras feitas com as próprias mãos têm um efeito realmente significativo em nossa cognição”, explica Larin James. “É sobre como a caligrafia muda o funcionamento do cérebro e pode alterar seu desenvolvimento.”

Fonte: http://www.psicologiasdobrasil.com.br/

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Celular e adolescentes: uma relação perigosa

Uma pesquisa feita em Flandres, na Bélgica, com 1.656 estudantes de 13 a 17 anos, revelou que o uso do celular à noite é prática recorrente entre os adolescentes e isso está diretamente relacionado ao aumento do nível de cansaço desses jovens após algum tempo. A preocupação maior dos pais no que diz respeito à mídia, é com relação ao tempo que as crianças gastam vendo TV, ouvindo música ou navegando na Internet. O celular é visto como um simples aparelho de comunicação, útil em situações de emergência, mas os jovens hoje usam os meios de comunicação modernos de forma que os pais nem imaginam.


Casos de cansaço excessivo informado pelos adolescentes foram atribuídos ao abuso na utilização do celular, tanto em ligações quanto em trocas de mensagens de texto. Eles gastam muito tempo se conectando com outras pessoas, e alguns deles fazem isso a noite inteira. Por outro lado, um melhor rendimento escolar está relacionado a uma boa noite de sono. Estudos revelam que adolescentes que dormem menos estão mais propensos a problemas cognitivos ou comportamentais em sala de aula. Os pais devem estar alerta: é preciso restringir ou proibir o uso do celular após a hora de dormir.

Especialistas recomendam que crianças e adolescentes tenham entre oito e dez horas de sono por noite para manter uma vida saudável e um bom desempenho durante o dia. Além disso, os pais que desconfiam que seus filhos estejam sofrendo de distúrbios do sono devem recorrer a consultas com pediatras ou especialistas na área. E dar conselhos como: durma bem para melhorar suas notas.


Fonte: Brasil Escola